coluna de papel



uma instalação constituída por folhas de papel branco empi-lhadas, sem nenhuma estrutura de apoio interna nem externa, apoiada apenas no chão e no teto.
para montar a coluna, foi preciso usar folhas grandes - proporcionais à altura do pé direito da sala de exposição. e mesmo assim eu ainda tinha muitíssimo medo de que fosse desmoronar, que nessa queda pudesse machucar alguém. a coluna foi montada no museu de arte de santa catarina, em 2011, contando com 8 mil folhas de papel branco de 47,8 x 66 cm empilhadas, alcançando cerca de 3,85 m de altura.
durante a montagem, a instabilidade que crescia proporcionalmente à altura da coluna, foi relativamente estabilizada ao atingir a superfície do teto, uma inversão em relação ao seu ponto de apoio: a coluna não se apóia apenas no chão, mas no teto, desestabilizando a função normal de uma coluna (que deve sustentar o teto).
a coluna que segura o teto, e todo o prédio, disse paulo herkenhoff. a desmontagem mostrou um dado contingente e imprevisto no projeto: a coluna tornou-se um grande bloco compacto com a absorção da umidade do ar (não artificialmente controlada no museu) e conseqüente dilatação das folhas. e o que aconteceu foi inesperado: a coluna ficou presa ali embaixo, forçando e provocando rachaduras no teto.



primeira versão do trabalho: protótipo de folhas de papel bem pequenas, de apenas 4 x 4 cm, tentando (ingenuamente) alcançar o pé direito da sala. com poucos centímetros de altura, a pilha desmoronava, mostrando a inviabilidade do empreendimento – pelo menos naquela escala. e desmoronava mesmo apoiando uma das faces lateralmente na parede. e desmoronava mesmo usando cola. os gestos envolviam a queda e a insistência, a tentativa de sobrepor com cuidado. as quedas eram desastrosas. os pequenos papéis se espa-lhando por toda a sala. duas longas tardes envolvidas em fracassar.