agamben fala que a potência não se esgota no ato, mas antes disso, cresce no ato. ele diz que um pianista não acaba com sua potência de pianista ao executar uma determinada peça, mas, ao contrário, quanto mais vezes executa a peça, mais conserva e aumenta a sua potência de artista. ao afirmar que ter a potência de pianista equivale a poder executar e poder não executar as obras, agamben afirma que a potência de não ser pertence a toda potência, e só será realmente potente quem, no momento da sua passagem ao ato, não anular a própria potência de não. dessa forma, ele propõe repensar a relação entre potência e ato, possível e real, destacando que a vida deve ser compreendida como potência que incessantemente excede as suas formas e realizações. 

agamben também fala que uma obra vale não pelo que efetivamente contém, mas pelo que fica em potência, pelas possibilidades que ela sabe conservar, para além do que se escreveu. isso revela um compromisso com o que está por vir (no próximo texto, nos leitores), e também com passado, mantendo aberta a possibilidade de repetir, retomar e, inclusive (e sobretudo), a possibilidade de não ser ou de ser de outra maneira: o que podia não ser e foi se dissipa no que podia ser e não foi e, segundo o autor, é isso que confere sentido à escrita e à leitura.